Há uma chuva que se enremoinha lentamente
ameaça e cai por fim
com a força de milhares, intensamente inevitável
todo o peso da transparência
num assobio
que vai ensurdecendo o vento
numa profundidade
que chega
às raízes das sumaúmas**
no percorrer de um rio tumultuoso.
.
Há uma chuva que trespassa a terra
e alimenta
o romper das árvores novas,
de bosques subterrâneos emergindo
de ossos que retomam
a figura primeira de homens e mulheres andando.
.
Há uma chuva
que esborrata os uniformes
encurrala, agita e lava o corpo,
amansa,
ordena,
cobre o céu
para que lutemos
debaixo da sua sombra.
.
Fabricio Estrada, poeta hondurenho,versão minha a partir do poema original publicado na sua Bitacora del Parvulo
*Em castelhano: Hondura
**“A sumaúma (Ceiba pentandra, da família Bombacacea) foi para os índios da América Central a árvore-da-vida.”
from → animais de estimação, honduras
Gracias Joao! Solidaridad como la tuya rompe el cerco y, contrario al odio que los golpistas nos quieren adosar como motivación, esta solidaridad nos vuelve más claros y nos ayuda a señalar la barbarie velada de los comodos.
Obrigado!
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